quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Cesariana é indolor para o bebê? Leia e tire suas próprias conclusões



Texto escrito pela Enfª obstétrica e parteira Ninna Pinheiro, do RJ
Antes de pensarmos que a cesárea é indolor (e não é - só deixar passar o efeito da anestesia!), que tal avaliarmos quanto esse processo é doloroso para o bebê?
1. Bebê retirado antes do trabalho de parto ainda não tem seu pulmão amadurecido. Ainda está molhado e sem produção de surfactante (que só acontece no TP). respirar dói.
 
2. Bebê retirado antes do tempo, com pulmão molhado precisa de aspiração. Alguém parou para pensar que enfiar uma cânula do nariz à base pulmonar incomoda, dói pra caramba? Pois é. Dói pacas (pergunta para qualquer paciente de CTI que esteve entubado)!
 
3. Agora imagina a mesma coisa acontecendo no ânus! Pois é.... mais uma cânula sendo enfiada...
 
4. Sair de ambiente quentinho a 37 graus e cair no ar condicionado, ser colocado de ponta a cabeça e ainda tomar um tapa na bunda (manobra de Tobler - proscrita a vinte e cinco anos da prática médica mundial).
 
5. ainda na questão de ponta a cabeça... bebê esteve 40 semanas em média todo enroladinho no útero e de repente se vê esticadão e de ponta a cabeça.... Alguém topa ficar agachado por quase uma hora e levantar de uma tacada só? As costas dóem né? Nada como a analogia.
 
 
6. O cordão... hmmmm seu pulmão está imaturo, molhado, sem surfactante (líquido pulmonar que carregamos até a hora de morrer, que tem como função fazer o transporte do oxigênio do ar atmosférico para o sangue) e do nada corta-se o cordão obrigando aquele pulmão a funcionar sem preparo....
 
 7. Quase um terço do volume sanguíneo que o bebê precisa para preenchimento do fígado e do baço para evitar anemia pós parto está no cordão ainda pulsante... São em cerca 45ml de sangue... Para a gente isso não é nada... mas para um recém nascido, é coisa pra caramba... E toma banho de sol, kanakion intramuscular para tentar corrigir algo que não precisaria ser corrigido.
 
8. Nitrato de prata - alguém experimentou soda cáustica no olho? Não dá nem pra imaginar né? Pois bem... a indicação seria apenas para bebês de partos vaginais que a mãe tivesse gonorréia e clamídia ativa. Mas é protocolo geral. Perguntem aos fofos G.O.! Arde como só, é cáustico. E lá vai o bebe receber isso tb!
 
9. O choro. Não sei da onde as pessoas passam a achar que grito de choro de um recém nascido é algo normal. Quanto maior o berro, melhor. "Nossa que pulmão hein?" - choro descontrolado só diz uma coisa: algo não está nos conformes. Não é bonito. Desconforto nunca é bonito! Bebês nascidos com dignidade até choram, mas é um choro muito, mas muito diferente.... mais para um gemido... Não é um choro gritado.
 
10. No útero estava tudo escuro. Já ficou no escuro por muito tempo? Os olhos doeram ou arderam quando tudo ficou claro de repente? O mesmo acontece com o bebê que aliás, nunca viu a luz. Alguém parou para pensar quão forte é a luz do foco cirúrgico? Agora imagina se o coitado ainda for para o banho de luz no berçário? Não quero nem pensar.
 
11. Como todos os animais mamíferos, no momento que nascemos procuramos o seio materno para mamar. É instintivo. Mas na cesárea não existe isso. Vai-se para a mesa de avaliação neonatal. Para todos os procedimentos acima descritos.
 
12. Vérnix caseoso: Bebês nascem com uma camada esbranquiçada que protege a pele do bebê. Não é para ser retirado. Ele será absorvido pela pele, tornando-a mais resistente ao contato atmosférico. Mas na mesa de avaliação neonatal, o bebê é esfregado vigorosamente para a retirada do vérnix. Advinha porquê?????????????? Bebês rosados e embalados são cosmeticamente mais bonitos. CREDO!
 
13. Bebês de cesáreas corre o risco sério de serem alimentados no berçário com complemento artificial e com água com glicose. Tá lá na prescrição de rotina do pediatra! E como a mamãe não foi ocitocinada pelo trabalho de parto, a apojadura (descida do leite materno) raramente é imediata pós nascimento. Mamãe sem leite, bebê com glicose.
A cesárea para algumas mulheres pode não ser dolorosa no pós parto. Mas para TODOS os bebês, são. Não existe mãe que se sinta confortável com o sofrimento de seu filho. Como então não ficar angustiada com a cascata de intervenções que os bebês sofrem no nascimento?


terça-feira, 29 de outubro de 2013

Meu bebê é grande, mas eu sou um mulherão!

Quer dizer então que a natureza preparou um bebê dentro do útero de uma mãe que não tem como sair? Mais ou menos como um marceneiro montar um armário dentro da oficina que não tem como sair pela porta? Bom, o marceneiro burro pode até perder o armário, paciência. Mas a natureza não é burra, e não tem caché energético para bancar bebês que são feitos por 9 meses e depois não podem sair, matando a si mesmos e às suas mães.

Na natureza, nos últimos 100 mil anos, cada vez que uma mutação genética fazia um bebê ser gigantesco para sua mãe, o que acontecia era o óbito de ambos. Esses genes malucos de bebês gigantes jamais puderam se reproduzir e perpetuar em nossa espécie. O tamanho dos nossos bebês não é fruto do acaso, do sorteio. Ele foi moldado pela seleção natural ao lonto desse longo período. Curiosamente nos últimos 40 anos, que é aproximadamente a idade da indústria da cesárea no Brasil, começaram a pipocar os incontáveis casos de bebês que não podem nascer por serem enormes.

Vamos aos fatos:

1) Não há como saber o peso dos bebês no útero. A ultrassonografia é uma tecnologia absolutamente inapropriada para cálculo de peso. Aparelho de ultrassom transforma onda sonora em imagem, e a imagem é medida por um computador, que joga tudo numa tabela internacional e dá um peso estimado. Não é de se surpreender que o erro chegue a 20% e que albuns bebês nasçam com até 1 kg de diferença entre o estimado e o real.

2) A bacia das mulheres têm flexibilidade através de seus ligamentos, que é aumentada pela relaxina, um hormônio que tem níveis elevados durante a gestação. A bacia interna (que é por onde o bebê passa) não tem como ser medida com precisão. Tamanho de nádega materna não é tamanho de bacia. Uma mulher pode ter um bumbum bem grande (como essa que vos escreve) e uma bacia pequena internamente (não é o meu caso). Outra pode ser magérrima, tipo Gisele Bundchen com fome, e ter uma bacia interna muito grande.

3) Os ossos da cabeça do bebê são soldos (a famosa "moleira" é justamente um dos espaços entre esses ossos). Durante o trajeto do canal de parto, os ossos se sobrepõem, formando um cone. Quando o bebê nasce, sua cabeça tem quase o formato de um ovo. Em poucas horas esse cone se desfaz e a cabeça fica redonda. Por isso também, as medidas do crânio do bebê calculadas pelo ultrassonografista não servem para absolutamente nada. Só servem para diagnosticar possíveis patologias fetais e predizer problemas de saúde do recém nascido. Essas medidas podem até ser úteis a um neonatologista, mas nunca a um obstetra.

4) Existe a possibilidade do bebê adentrar a bacia pélvica de forma inadequada e não passar. É a chamada desproporção céfalo-pélvica (DCP). Esses são os bebês que poderiam morrer se não fosse pela cesariana. Porém o único modo de de diagnosticar uma desproporção é aguardando a mulher entrar em trabalho de parto, aguardando toda a dilatação do colo do útero (total, ou praticamente total), aguardar algumas horas (por volta de quatro ou mais, se o bebê estiver bem), sem que ele desça pelo canal de parto. Ainda assim é importante se tentar pelo menos uma analgesia por algumas horas antes de se decidir por uma cesariana por DCP.

5) Já assisti desproporção em bebês de 2500g e já vi bebês de 4700g nascerem em partos muito rápidos. Em outras palavras, o peso não tem NADA A VER com passar ou não passar. Já vi mulher de 1,80m ter desproporção e mulher de 1,40m ter parto muito rápido e fácil. Em outras palavras, tamanho de mulher não tem NADA A VER com passar ou não passar. O tamanho do marido também não tem qualquer importância nessa equação.

6) A altura uterina não tem qualquer utilidade para se determinar se um bebê vai passar ou não, pois ela depende de muitos outros fatores que não o peso do bebê.

7) Bebês grandes não tem maiores chances de "rasgar" os tecidos da mulher durante seu nascimento. O risco de laceração ocorre principalmente pelas intervenções (ocitocina, Valsalva, litotomia, Kristeler) e pela velocidade da saída do bebê. Técnicas de preparação do períneo durante a gestação têm sido promissoras no sentido de evitar lacerações de períneo e devem ser empregadas não importa o tamanho estimado do bebê.

8) Distócia de ombros, quando o ombro fica preso depois do nascimento da cabeça do bebê, é um evento muito raro, que fica um pouco mais provável com o uso de manobras como o fórceps e kristeler.  Mais da metade dos raros casos de distócia acontece em bebês que não são considerados grandes. Seriam necessárias mais de 300 cirurgias cesarianas em gestações de bebês supostamente grandes, para evitar um único caso de distócia de ombros. Essas 300 cirurgias certamente fariam muito mais mal a essas 300 mães e 300 bebês do que as consequências em geral passageiras de uma distócia de ombros.

9) Tamanho de vagina não tem nada a ver com essa questão. Se a mulher tiver algum problema nesse sentido, pode até solicitar a possibilidade de uma analgesia para o final do parto, para não sentir a passagem do bebê, caso entre em pânico durante o período expulsivo. De toda forma, a vagina é composta por tecidos musculares, que são muito flexíveis. A DCP se refere aos ossos da pelve materna, e não aos tecidos moles.

Em resumo, eu considero prática de má fé qualquer indicação de cesariana baseada em medidas, seja de altura uterina, tamanho de cabeça, peso calculado pelo ultrassom, medida da bacia por raio X, tamanho do bumbum, número de calçado ou tamanho dos ombros do marido estivador.

Por: Ana Cristina Duarte
Doula e Parteira


domingo, 27 de outubro de 2013

O que é o colostro? Quais seus benefícios para o meu bebê?



Seus seios produzem colostro durante a gravidez e continuam produzindo até os primeiros dias de amamentação. Este leite especial é de cor amarelo-alaranjada e espesso e pegajoso. É pobre em gordura e rico em carboidratos, proteínas e anticorpos para ajudar a manter seu bebê saudável. O colostro é extremamente fácil de digerir, e é portanto, o primeiro alimento perfeito para o seu bebê. É pobre em volume (mensurável em colheres de chá ao invés de colheres de sopa), mas rico em nutrição concentrada para o recém-nascido. O colostro tem um efeito laxante sobre o bebê, ajudando-o a eliminar suas primeiras fezes e auxiliando na excreção do excesso de bilirrubina, o que ajuda a prevenir a icterícia.

Colostro


Geralmente quando o bebê é amamentado logo que nasce e por muitas vezes ao longo do dia, os seios vão começar a produzir leite maduro em torno do terceiro ou quarto dia após o nascimento. Seu leite irá então aumentar em volume e começa a parecer mais ralo e mais branco (mais opaco). Nesses primeiros dias, é extremamente importante amamentar o seu recém-nascido pelo menos 8-12 vezes a cada 24 horas, se for mais frequente é ainda melhor. Isso permite que o seu bebê obtenha todos os benefícios do colostro e também estimula a produção de uma oferta abundante de leite maduro. A amamentação freqüente também ajuda a evitar o ingurgitamento das mamas (seio empedrado).

Seu colostro fornece não só a nutrição perfeita e sob medida para as necessidades de seu recém-nascido, mas também grandes quantidades de células vivas que irão defender o seu bebê contra muitos agentes nocivos. A concentração de fatores do sistema imunológico é muito mais elevado no colostro do que no leite maduro.

O colostro realmente funciona como uma vacina 100% natural e segura. Ele contém uma grande quantidade de um anticorpo chamado imunoglobulina secretória. (IgA), que é uma substância nova para o recém-nascido. Antes do bebê nascer, ele recebeu o benefício de um outro anticorpo, chamado IgG, através de sua placenta. O IgG trabalha através do sistema circulatório do bebê, mas o IgA protege o bebê nos locais mais prováveis de estarem sob o ataque de germes, ou seja, as membranas mucosas da garganta, pulmões e intestinos. 



O colostro tem um papel especialmente importante a desempenhar no trato gastrointestinal do bebê. O intestino de um recém-nascido é muito permeável. O colostro sela todas essas aberturas permeáveis porque "pinta" o trato gastrointestinal com uma barreira que impede que as substâncias exteriores de penetrarem e possivelmente sensibilizarem o bebe com alimentos que a mãe tenha comido.

O colostro também contém altas concentrações de leucócitos, células brancas de proteção que podem destruir bactérias causadoras de doenças e vírus.



Leite maduro. O da esquerda é o leite do início da mamada.
O da direita é o leite posterior, do final da mamada, muito rico em gordura!

O colostro muda gradualmente para o leite maduro, durante as primeiras duas semanas após o nascimento. Durante esta transição, as concentrações dos anticorpos no leite diminuirão de volume, mas seu leite aumenta muito em quantidade. As propriedades de combate a doença do leite humano não desaparecem com o colostro. Na verdade, durante todo o tempo que seu bebê receber o leite, ele receberá proteção imunológica contra muitos tipos diferentes de vírus e bactérias.



A Capacidade do Estômago do Recém-Nascido:
Quando as mães ouvem que o colostro é medido em colheres de chá ao invés de muitos ml"s" podem se assustar e pensar se somente isso pode ser o suficiente para seu bebê. A resposta é que o colostro é o único alimento que bebês saudáveis nascidos a termo precisam. A seguir uma explicação:

 

A capacidade do estômago de um bebê de 1 dia de idade é de cerca de 5-7 ml, mais ou menos do tamanho de uma bolinha de gude pequena. Curiosamente, os pesquisadores descobriram que o estômago do recém-nascido de dias de idade não estica mais para armazenar mais leite. Como as paredes do estômago do recém-nascido permanecem firmes, o leite extra é frequentemente expelido (regurgitação). Seu colostro vem na quantidade certa para a alimentação do seu bebê!

Lá pelo terceiro dia, a capacidade do estômago do recém-nascido cresce para cerca de 22 a 27 ml, mais ou menos o tamanho daquelas bolinhas de gude maiores. Ele precisa de pequenas refeições freqüentes para assegurar que tenha todo o leite de que precisa. Mama mais vezes e em menor quantidade.

Por volta do sétimo dia, a capacidade do estômago do recém-nascido é agora cerca de 60-81 ml, mais ou menos do tamanho de uma bola de ping-pong ou de um ovo de galinha grande. A continuação da alimentação freqüente vai garantir que seu bebê tenha todo o leite que ele precisa, e que sua produção de leite atenda suas demandas.



Fonte: La Leche League http://www.lalecheleague.org/faq/colostrum.html
Tradução livre



Retirado de : http://fisioedoulamariahcoeli.blogspot.com.br/2013/05/o-que-e-o-colostro-quais-seus.html