Enema – constrangimento desnecessário |
Enema ou enteroclisma são procedimentos
utilizados para promover o esvaziamento dos intestinos. A diferença de um para
outro é a quantidade de fluido inserido na porção distal do intestino através
do reto. É também conhecido como lavagem intestinal. É procedimento de rotina na
maioria dos hospitais e maternidades no momento de internação da parturiente,
mais uma etapa do “ritual de purificação”. Qual o suposto objetivo? Evitar a
contaminação fecal na hora do parto e acelerar o andamento do trabalho de
parto. E qual o verdadeiro resultado? Dor, desconforto e humilhação.
Dá pra imaginar a situação da mulher, com
contrações, novamente submetida a outro procedimento humilhante que vai lhe
causar uma baita cólica intestinal com uma maravilhosa diarréia? Perfeito, não?
Calma! ainda pode ser pior e você passar boa parte do trabalho de parto
gotejando matéria fecal líquida. Inúmeros estudos demonstraram que não houve
redução no tempo de trabalho de parto e nem na contaminação fecal e nem na
incidênca de infecção pós parto na episiotomia.
Opa! Mas episiotomia é aquele famoso corte no períneo que teve sua aplicação como procedimento de rotina questionada e derrubada há quase trinta anos atrás. Voltamos ao que eu argumentei no post anterior: se a episio deve ser feita em raríssimos casos, não há justificativa para realizar enema em todas as parturientes que chegam mesmo que tal procedimento prevenisse infecção no pós parto. E se o medo é de a mulher defecar durante o expulsivo, sejamos objetivas: muito mais fácil recolher uma pequena quantidade de fezes em consistência normal do que limpar um jato de diarréia que se espalha por tudo e contamina uma área muito maior. Até na banheira, por exemplo, se ocorrer a eliminação de fezes, recolhe-se com uma peneirinha rapidamente e pronto! Problema resolvido! Mas e se for líquida? Fazer o quê com toda aquela água? Ou seja, é muito mais fácil contaminar tudo se você tiver sofrido enema.
“Ai, mas que vergonha, fazer cocô na frente de
uma platéia, com um holofote virado pra mim!” Vamos desmistificar um pouco o
assunto. Se você mantiver uma alimentação equlibrada, com bastante fibras,
garantindo uma evacuação normal nos últimos dias que precedem o parto, é muito
provável que seu corpo realize uma limpeza natural e no início do trabalho de
parto você vá sucessivas vezes ao banheiro, eliminando o conteúdo de seus
intestinos. Caso permaneça algum material na ampola retal, o que ocorre é que,
quando a cabeça do bebê descer pelo canal de parto, o tecido que separa o canal
vaginal do canal retal vai ser empurrado pará trás e vai bloquear seu reto
(visualizou?). Então, o que estiver acima disso, não desce mais. Mas se tiver
algo na porção final do reto, provavelmente vai ser empurrado para fora com o
movimento da cabeça do bebê e sim, vai sair, ANTES do bebê, em estado sólido,
em pequena quantidade e quem te assiste vai ter a delicadeza de tirar dali o
material sem que você talvez nem perceba que o fez e sem nem fazer nenhuma
brincadeirinha ou comentário infeliz. Agora, se você passou pelo enema, o
bloqueio da cabeça do bebê talvez não seja suficiente pra conter a enxurrada
que pode ter restado no seu intestino e aí…
E se você está lendo isso, provavelmente é por
que está interessada em um parto menos “normal” que o padrão hospitalar de
hoje, de forma que eu acredito que não vá haver um holofote virado pra você e
sim uma tênue luz preenchedo a sala. E se você sofre com prisões de ventre
horríveis, se na ocasião do parto estiver há dias sem evacuar e isto estiver te
gerando desconforto, se tem fezes assim tão ressequidas e tanta dificuldade pra
evacuar e se seu corpo não eliminar sozinho o conteúdo intestinal nas horas que
precedem o parto, bem, pode ser que se beneficie com um enema. O mais
importante é a avaliação INDIVIDUAL de cada caso e a sua LIBERDADE de escolha e
não simplesmente se subeter a um procedimento por que o doutor mandou ou por
que é regra do hospital. Mas eu acho que se beneficiaria muito mais resolvendo
a prisão de ventre antes da hora P.
Enema: mais um
procedimento que a OMS considera prejudicial ou não efetivo e que deve ser
exlcluído dos protocolos de rotinas hospitalares.
Para saber mais:
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