sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Atividade física durante a gravidez

Muitas mulheres têm dúvidas sobre treinamento quando ficam grávidas. Pode malhar ou não pode? Há alguma recomendação sobre atividade, intensidade e duração? As primeiras respostas quem deve dar é o médico. Ele precisa conferir se a paciente está em condições de praticar atividade física, se a gestação é normal, não oferece risco, etc. Mas e depois do sim clínico, as gestantes saudáveis devem ou devem fazer exercícios?

Uma revisão1 em mais de cinquenta estudos sobre o tema traz muitas informações importantes para que as gestantes possam se exercitar com segurança e cuidar da forma física. Desde a década de 50, o Colégio Americano de Medicina Desportiva (ACSM) revisa a literatura médica sobre exercício durante a gestação. Por exemplo, naquela época, a recomendação era bem conservadora: as grávidas só podiam caminhar por uma milha (1,6km) por dia. Já na década de 80 a orientação preconizava que as gestantes poderiam fazer exercícios 3 vezes por semana, entre 15 a 20 minutos por sessão. Atualmente os estudos mostram o seguinte:

– Intensidade — exceto as intensidades mais altas e próximas da frequência cardíaca máxima, as mamães podem e devem se exercitar em níveis leves (60-70% FCmáxima) a moderados (75-85%FCmáxima). Pelo menos em estudos feitos com animais (fêmeas prenhas), esforços máximos prejudicaram a oferta de oxigênio à placenta e útero, sendo então recomendado ficar numa zona de até 85% da FC máxima da gestante;

– Duração — algumas pesquisas apontam que até uma hora de atividade não há risco de elevação excessiva da temperatura corporal, um fator que poderia oferecer complicação à gestante e seu bebê;

– Frequência — Há algumas décadas recomendava-se limitar a três sessões semanais, mas atualmente a orientação é de que podem ser realizadas sessões quase que diárias. Então, entre três sessões semanais é uma frequência adequada e segura;

– Atividade — Aparentemente, não há restrição quanto à atividade física a ser praticada. Aí eu entro para me posicionar: se a gestante já vinha praticando corrida, por exemplo, antes da gravidez, então existe a possibilidade de continuar correndo. Novamente, seu médico deverá avaliar sempre se há ou não risco. Por outro lado, atividades de característica aberta, com maior chance de imprevistos, como futebol, tênis, voleibol, oferecem maior risco de quedas, contatos e outros acidentes. Minha recomendação seria evitar este tipo de atividade durante a gravidez.

 Eu acho engraçado médicos proibirem gestantes com hipertensão e diabete gestacional a pratica de exercícios se eles ajudam a reverter esse caso. Há indícios de que as mulheres em melhor condição física apresentam uma gravidez mais saudável e consequentemente com menor risco a saúde.

Os benefícios e resultados para as mulheres que fazem exercícios físicos na gestanção são maravilhosos, não perca tempo!



http://fisioedoulamariahcoeli.blogspot.com.brMariah Coeli - Fisioterapeuta especialista em Obstetrícia e Dermato – Funcional






quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Câimbras na gravidez




 Por que elas aumentam na gravidez?

Na gravidez, no segundo e terceiro trimestre, a barriga começa a pesar, e a postura da gestante se modifica para ela poder se equilibrar com esse peso a mais. Além disso, o esforço extra que a mamãe tem que fazer para carregar essa barriga causa um cansaço nos seus músculos, principalmente das pernas e das costas.

 Nesses últimos trimestres, o neném também começa a “roubar” muito cálcio da mãe para fazer seus ossos, resultando numa diminuição de cálcio no sangue materno, que pode predispor a ter mais câimbras.


O que você pode fazer para diminuir a frequência das câimbras?

Tenha uma alimentação rica em cálcio, comendo leite e/ou seus derivados (queijo, iogurte, etc) pelo menos três vezes por dia. Se você não gosta desses alimentos, peça ao seu obstetra um suplemento de cálcio.

Evite o consumo de refrigerantes, pois eles têm muito fósforo, que rouba o lugar do cálcio dentro do organismo.

Faça exercícios físicos, sempre alongando seus músculos antes e depois da atividade. Assim, você fortalece seus músculos, e eles não sentem tanta dificuldade em carregar esse peso extra da barriga.

Mesmo que você não tenha feito exercícios no dia, alongue seus músculos, especialmente das costas e das pernas, antes de dormir.

Atenção para uma postura correta, com as costas eretas.

Ao sentar, sempre apoie os pés no chão, não fique com as pernas cruzadas. Tente ficar mexendo os tornozelos e pés quando estiver sentada para não deixá-los na mesma posição por muito tempo.

 Não ande de salto alto.

Durma com os pés ligeiramente elevados para ajudar o retorno venoso (o sangue voltar para o coração). Tente mudar de posição, pois ficar sempre na mesma posição pode predispor as câimbras.

Peça para seu companheiro fazer massagem nas costas e pernas, para relaxar os músculos.

 Beba bastante água, sucos naturais.


O que fazer para aliviar a dor na hora da câimbra?

Alongue o músculo acometido por bastante tempo. No começo dói mais, mas depois acaba melhorando.

Depois que passar a dor aguda, faça massagem no músculo para relaxá-lo.

Coloque uma bolsa de água quente, ou tome um banho gostoso para relaxar.

Ás vezes dar uma caminhada também ajuda.

E se a dor não melhorar?

Se a dor não melhorar, ou piorar com essas medidas, você deve procurar um médico imediatamente. A permanência ou piora da dor é um sinal de alerta que alguma coisa mais grave pode estar acontecendo!


terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Por que lutar por um parto normal depois de uma cesareana?

O primeiro filho nasceu de cesárea. Grávida, ela resolve lutar por um parto normal. O marido não consegue entender. “Por que escolher um caminho tão difícil? Que diferença faz?”, questiona. A parteira Ana Cristina Duarte escreve uma carta emocionante para ajudar essa mãe a encontrar suas próprias respostas.

Se o meu marido me perguntasse isso, eu diria…
Porque esse é o meu último filho e eu preciso experimentar o que o meu corpo pode. Quero sentir meu filho passando através da minha bacia, abrindo meus ossos, fazendo-os quase quebrarem pela força dele dentro de mim. Quero sentir meu filho descendo e encaixando a cabeça nas minhas entranhas, milímetro a milímetro, como se estivéssemos dançando um tango emocionante, em que cada passo fosse totalmente calculado para um resultado perfeito. Quero sentir minhas mucosas cedendo espaço e esquentando a cada contração, quero sentir meu filho saindo pelo mesmo lugar por onde entrou. Quero me sentir mais perto de Deus ao ser capaz de produzir uma vida e colocá-la de forma segura neste mundo.

Quero sentir meu útero se contraindo com força, porque sou mulher e me sinto muito orgulhosa de poder gerar, gestar, parir e alimentar uma criança. Se eu não vim ao mundo para isso, então não sei exatamente o que vim fazer aqui. Quero sentir cada contração como se fosse o sopro de Deus direto para dentro do meu corpo, fazendo todas as minhas células tremerem com a energia desse evento. Quero que meu filho sinta cada uma dessas contrações como se fosse um abraço
forte que dou nele, como se Deus pessoalmente o estivesse embalando.

Quero que ele perceba que algo importante e grandioso está para acontecer na
vidinha dele. Quero que confie em mim para o resto da vida como sendo aquela pessoa que lhe deu a vida e o colocou em segurança para fora do finito espaço uterino. Quero que confie nele mesmo para sempre e saiba que com esforço e perseverança pode conseguir o que quiser. Quero que saiba que eu e ele juntos, com o apoio do pai dele e a torcida do irmão, podemos tudo. Que não há limitação para a nossa força.

Quero provar a mim mesma que sou uma pessoa capaz, que meu corpo não é meu
inimigo. Pelo contrário, é meu amigo, meu companheiro, meu templo e meu porto seguro. Quero recuperar tudo o que perdi e o que me roubaram quando tive bebê pela primeira vez. Quero me sentir poderosa, forte, vitoriosa, criativa, emotiva, grande, bonita – durante o parto e para sempre.

Quero que, se as intervenções forem necessárias, só o sejam porque eu fiz tudo o que estava ao meu alcance para evitá-las. Quero que meu filho nasça livre de drogas, e que assim permaneça por toda a vida. Para que possa sempre sentir a beleza da vida de cara limpa, de pele limpa, de olhos limpos. Quero que ele se sinta calmo e seguro por estar sempre nos braços meus ou seus, ouvindo minha voz ou a sua, e não fique sozinho chorando num berço aquecido, sem um único som familiar para se acalmar.

Quero que meu filho nasça e venha imediatamente para o meu colo, os meus braços, os meus lábios, as minhas mãos, os meus peitos. E para isso preciso ter um parto natural. Quero que meu filho nasça em paz, sem dor, sem ser arrancado das minhas entranhas porque eu não me esforcei o suficiente.

Quero me sentir mais capaz quando tudo isso terminar. Uma bruxa, uma deusa, uma sacerdotisa do meu templo particular. Quero sentir minhas entranhas se abrirem e desabrocharem dando uma vida nova a essa criança. Quero sentir a dor, a ardência, o tremor, o prazer e a glória de parir. Quero me sentir mulher."

Ana Cristina Duarte é obstetriz pela USP Leste e coordenadora do Gama (Grupo de Apoio à Maternidade Ativa), em São Paulo

http://fisioedoulamariahcoeli.blogspot.com.br/2013/07/por-que-lutar-por-um-parto-normal.html