segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Gêmeos e Agora? Parto Normal ou Cesárea?

Essa é uma dúvida muito comum das mães, gestação gemelar é indicação de cesárea? Não! 
O parto normal de gêmeos além de ser possível é também o mais indicado. O ideal é que os dois estejam de cabeça para baixo, o que acontece em 40% dos casos. Nos outros 40%, o número 1 está de cabeça para baixo e o número 2, numa posição diferente. Isso dificulta a realização do parto normal, mas mesmo assim ele pode ser feito porque existem algumas manobras que facilitam o nascimento do segundo bebê.

Claro, que no Brasil onde as taxas de cesárea são absurdamente altas, é raro ouvir alguém falar que pariu gêmeos. Por isso se você esta grávida de gêmeos já pergunte ao seu obstetra se ele acompanha e se é a favor do parto natural, se ele hesitar ou negar acompanhar, procure outro obstetra!

Como se preparar para o parto e a chegada dos bebês?
Frequentanto cursos para casais, ou tendo uma Doula. Não que seja obrigatório um desses, mas pode fazer muita diferença para pais de primeira viagem. Ter uma pessoa que ensine os cuidados, que fique a disposição para tirar dúvidas, auxiliar na amamentação entre outros, é muito importante.

Quais os benefícios de um parto normal para gêmeos?
Os benefícios são os mesmos de partos com feto único. O parto normal é mais seguro tanto para mãe quanto ao bebê, a recuperação é muito mais rápida, a descida do leite é mais fácil, o uso de medicamentos são menores, o pulmão do bebê é preparado para a vida fora do útero, pois ao passar pelo canal vaginal são expelidas as secreções além disso diminui os riscos de hemorragia e infecção hospitalar,entre outros.

Quais os riscos de uma cesárea?
O índice de morte materna em caso de cesárea é 3,5 vezes maior que em parto natural. Isso é um diferencial importantíssimo na hora de decidir qual o método melhor para você. Os riscos são inerentes à própria cirurgia, a começar pela anestesia, em que a possibilidade de uma reação é imprevisível.

Com quanto tempo ocorre o nascimento de Gêmeos?
Cerca de 70% dos nascimentos de gêmeos acontece por volta da 36ª semana. Em 55,5% das gestações de gemelares os bebês nascem antes de 36 semanas. O ideal é que os bebês fiquem o máximo de tempo possível.

E a Amamentação?
A mãe pode amamentar um bebê enquanto o outro dorme, ou pode amamentar os dois ao mesmo tempo, colocando um em cada mama. Se desse modo consegue diminuir as horas que passa dando de mamar e estabelecer um horário para a amamentação, por outro tem de repartir a atenção entre as duas crianças enquanto as alimenta.

Na Foto: A modelo e atriz Fernanda Lima, que teve um parto normal de gêmeos em 2008.
Os gêmeos nasceram com 2,925 kg e 46 cm, e o outro com 49,5 cm e 2,555kg.


Cris De Melo
Téc. Enfermagem & 
Doula


domingo, 22 de dezembro de 2013

Diagnóstico precipitado de "pouco leite", “baixo peso” e introdução precoce de leite artificial



Produção insuficiente de leite materno e baixo ganho de peso do bebê são queixas muito frequentes entre as mães. Geralmente a solução apresentada para esses casos por pediatras e outros profissionais da saúde é a introdução de leite artificial.

Porém, antes de diagnosticar essas duas situações, é preciso prestar atenção nos seguintes pontos:


1) Importantíssimo para o sucesso da amamentação é verificar se a pega no peito está correta: o bebê abre bem a boca, abocanha o mamilo e grande parte da aréola, alcançando os depósitos de leite localizados na região. Ao fechar a boca, os lábios ficam voltados para fora e vedam a passagem de ar, favorecendo o correto padrão de respiração pelo nariz. A língua se posiciona sob o mamilo, à frente, entre os rodetes de gengiva que comprimem a aréola, ajudando o bico a se alongar em até três vezes o seu tamanho dentro da boca do bebê - tal alongamento é necessário para que alcance e toque o ponto de estímulo neural da deglutição, na região posterior do palato ("céu da boca") da criança. O recém-nascido obtém o leite por trabalho muscular (ordenha), não havendo, em momento algum, pressão negativa ou sucção, como infelizmente ocorre com a mamadeira e a chupeta.






Pega incorreta resulta numa ordenha ineficiente, não saciando as duas necessidades básicas do bebê - fisiológica (por leite materno) e neural (de trabalho muscular) -, além de causar fissuras mamilares e outros problemas, resultando em dor durante a amamentação. Se notar que a pega não está correta, interrompa a sucção introduzindo delicadamente o dedo mínimo entre a boca do bebê e o seio e reinicie o processo. Não deixe que a criança continue mamando com pega incorreta.



Além de machucar a mama, pode-se iniciar um ciclo vicioso: o bebê não consegue obter todos os nutrientes de que necessita, oferece-se a mamadeira por causa do ganho insuficiente de peso, ele fica confuso, pois abocanha o bico de modo diferente do que faz com o peito da mãe, a pega no seio nunca é corrigida e tende a piorar dessa forma.













Se você sentir uma dor, quer dizer que a pega não está correta, com o dedo mindinho introduza na boca do bebê e tire o bico do seio e tente novamente.


2) A amamentação deve ser praticada em livre demanda para garantir que o bebê seja suprido em todas as suas necessidades nutricionais, inclusive hidratação. Desse modo, ele pode retirar todo o leite de que precisa conforme a sua vontade. Amamentação não combina com relógio: deixe o bebê comandar!

3) Se mesmo com a técnica (pega e posição) adequada e regime de livre demanda o bebê não ganhar peso, é preciso verificar se a mãe não o está trocando de peito durante a mamada antes do tempo. O leite posterior (do final) contém mais gordura. Se o bebê mamar somente dez minutos (ou 20, ou qualquer tempo estipulado) sem esvaziar o peito, ele deixa de tomar o leite gordo. Portanto, deixe-o mamar à vontade, até quando quiser. O seio que for esvaziado produzirá o leite para a próxima mamada, em quantidade suficiente. Quando o bebê quiser mamar de novo, você poderá oferecer o outro peito, então os dois vão ser estimulados. Dessa forma, para assegurar um bom ganho de peso é preciso: pega adequada, livre demanda e a permanência do bebê no mesmo peito durante a mamada (não trocar antes de esvaziar completamente um seio). Alguns recém-nascidos também sugam muito lentamente nos primeiros dias e precisam de muito tempo para esvaziar a mama (prepare-se, porque essa situação não dura para sempre!)

4) Se o bebê continuar não adquirindo peso apesar da efetivação dos três itens acima, é necessário conferir a hipótese de infecção urinária, que é uma das causas de baixo ganho de peso corpóreo em recém-nascidos.

5) Porém, mais importante que o valor registrado na balança é observar o desenvolvimento da criança. Bebê saudável não é o bebê que engorda sem parar. Recém-nascidos ganham peso em proporções inconstantes - devem dobrar o valor do nascimento até os seis meses e triplicá-lo até um ano de idade de acordo com a OMS.
 
Segundo as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o aleitamento materno, a quantificação rigorosa do ganho de peso do bebê pelos pais deve ser desincentivada. Os valores podem variar muito, porque cada criança tem o seu próprio ritmo de crescimento. É importante considerar o biotipo do bebê: como são os pais? Gordinhos, magrinhos, altos, baixos? A genética tem uma grande influência na estrutura física do indivíduo. Além disso, existem flutuações normais no peso. Colocar freqüentemente a criança na balança pode levar os pais à insegurança. Pesar o filho antes e depois da mamada também não deve ser parâmetro para medir a quantidade de leite.

As novas curvas de crescimento revisadas pela OMS baseando-se em bebês alimentados com leite materno estão no link e fotos abaixo. Lembre-se de verificar com o pediatra de seu filho se ele está usando as curvas atualizadas.



6) O colostro, que começa a ser produzido no terceiro trimestre de gestação, é o primeiro alimento e a primeira "vacina" do bebê. Leia o artigo "Amamentação na primeira hora, proteção sem demora!"

Ele começa a ser secretado logo após o nascimento e é produzido em baixa quantidade justamente porque o recém-nascido ainda não está com os rins totalmente preparados para processar grande volume de líquidos. No período inicial, enquanto o leite não desce - demora entre três e cinco dias ou mais -, só o colostro é suficiente e perfeitamente adequado ao bebê, portanto, continue colocando-o no peito freqüentemente. Se a criança estiver mamando colostro em livre demanda e em contato contínuo com a mãe, seu choro nesse início de vida dificilmente poderá ser associado à fome e às colicas. Técnicas muito eficientes para acalmar o bebê na fase imediatamente sucessiva ao nascimento são as aplicadas na “teoria da Extero-gestação". Leia o artigo na íntegra, utilíssimo para bebês novinhos! (Teoria da Extero-gestação para bebes novinhos - Dr. Karp)

7) A OMS cita que oferecer água ou leite artificial ao bebê ao invés de permitir-lhe o aproveitamento dos benefícios do colostro enquanto o leite materno não desce não é justificável.

8) Nas primeiras duas – três semanas de vida é natural o bebê perder até 10% de seu peso (excesso de líquidos retidos que são eliminados) e só voltar a recuperar os gramas perdidos no final da terceira semana para então começar a ganhar peso propriamente dito.

Permita que seu filho mame o colostro e estimule a produção de leite materno, não interferindo nesse processo natural introduzindo mamadeiras.

9) Geralmente seis –oito semanas após o parto, a mulher passa a não ter mais ejeções entre as mamadas e seus seios ficam desinchados, porque o corpo pára de produzir leite em excesso e se auto-regula conforme as necessidades do bebê, contanto que ele seja amamentado em livre demanda. Portanto, é normal sentir os peitos murchos depois de um mês. O leite não fica armazenado no peito: cerca de 80% dele é produzido na hora da mamada (a não ser na fase imediatamente pós-parto, quando os peitos costumam até vazar). O engurgitamento das mamas nas primeiras semanas nada tem a ver com a quantidade de leite produzida e sim com uma inflamação temporária no início da lactação. Peitos cheios e vazamento são problemas iniciais, que desaparecem assim que a amamentação estiver estabelecida.

10) É absolutamente normal o bebê diminuir o ganho de peso a partir do terceiro mês de vida. O Dr. Carlos González, autor do livro Mi Niño no me Come (em inglês My Child Won’t Eat), recomendado pela La Leche League International, chamou essa fase de "a crise dos três meses": "Por volta de dois, três meses de idade, alguns bebês tornam-se tão eficientes na mamada que são capazes de mamar tudo o que precisam em poucos minutos (entre três e sete). Se a mãe não sabe disso, ela fica insegura achando que seu filho de três ou quatro meses não mama o suficiente, pois só permanece três, quatro minutos no peito, sendo que aos dois meses mamava por 15 minutos, por exemplo. Além disso, o bebê que ganhava peso rapidamente, agora está caindo na curva de crescimento. A mãe também notou que os seios não enchem mais como antes e não vazam. Todos esses fatos são normais, mas a mulher que não está ciente disso pode achar que há algo errado.

Para entender bem esse processo, leia o texto na íntegra:A crise dos 3 meses

11) Outro mito moderno que muitas vezes ilude a mãe é que as crianças, à medida que o tempo passa, aprendem a dormir mais. Na realidade, elas passam mais tempo acordadas quando vão crescendo. É verdade que um dia vão dormir mais horas seguidas e, finalmente, a noite inteira, mas dificilmente isso acontece aos quatro meses de idade. Ao longo dos primeiros meses de vida, é mais provável que você observe seu bebê dormindo menos. Muitas crianças mamam várias vezes por noite ainda durante os primeiros anos (o que, para a mãe, é muito mais fácil do que preparar mamadeiras de madrugada). Dar LA não ajuda no sono e pode provocar desmame precoce. Estudo recente prova que não há diferenças no sono de bebês amamentados ou que tomam LA: Leite artificial ajuda no sono?? Estudo desmistifica essa noção comum!

12) Tem mãe que nunca vê o próprio leite, ou seja, nunca consegue ordenhar uma gota com auxílio de bomba (manual ou elétrica) ou mesmo por ordenha manual, mas o bebê mama exclusivamente ao seio e se desenvolve muito bem. Portanto, a quantidade de leite extraída não é confiável para determinar o volume de leite produzido, não deve ser usada como medida de produção de leite suficiente.

13) Para saber se a produção materna de leite está adequada, pode-se contar quantas vezes por dia a criança urina: 5-6 fraldas molhadas indicam que ela está bem hidratada e a quantidade de leite é suficiente.

Casos reais de baixa produção de leite:

- Quando o bebê tem um repentino ganho de peso ou crescimento e o peito "ainda não teve tempo" de adequar a produção, ele pode pedir para mamar de hora em hora. Os picos de crescimento (em inglês growth spurt) acontecem justamente por essa razão: aumentar a produção de leite materno. Esses fenômenos ocorrem por volta dos sete-dez dias, duas-três semanas, quatro-seis semanas, três meses, quatro meses, seis meses e nove meses, em média, e continuam ao longo do desenvolvimento da criança. A mãe deve respeitar os pedidos constantes para mamar e oferecer o peito, ou seja, amamentar em livre demanda, inclusive à noite. Só assim a sua produção se ajustará perfeitamente às necessidades do bebê, o que acontece em alguns dias. Oferecer leite artificial durante os picos de crescimento impede que o organismo da mãe se adapte à nova demanda, podendo iniciar um desmame precoce desnecessário, em alguns casos.





- Quando a mulher está cansada, exausta, beirando a depressão pós-parto. Nesses casos, são necessários orientação real e efetiva e talvez aconselhamento médico. Apoio de uma rede de mulheres é muito importante. Procure grupos de apoio de amamentação em tua cidade ANTES mesmo do bebê nascer. Aqui tem onde achar grupos e bancos de leite (que dão orientação sobre amamentação).
 
- Quando a mulher começa a desacreditar em sua capacidade de nutrir o bebê. Ao oferecer leite artificial antes da mamada, o organismo entende que não precisa produzir a quantidade extra que a criança já tomou. Sem total confiança na capacidade de amamentar, a mulher coloca o bebê ao seio "já sabendo que não tem leite". Com a auto-estima baixa é como se a mãe desistisse, "jogasse a toalha", então o leite seca totalmente.


O que fazer para aumentar a produção?

Quando o leite seca, a mulher passa a produzir menos ou o bebê repentinamente aumenta a demanda, pode-se tentar as seguintes medidas antes de recorrer ao leite artificial:
Físicas: descansar durante o dia, beber diariamente dois litros (no mínimo) de líquidos, habituar-se a tomar sucos, água, etc. antes de cada mamada, deitar com a criança, amamentar pelo menos uma vez de madrugada (não precisa acordar o bebê, é só pegá-lo e colocá-lo ao seio mesmo dormindo), oferecer o peito mais vezes que o habitual durante o dia e amamentar sempre que a criança demonstrar interesse. Em muitos casos pode-se tentar relactar, técnica muito simples e pouco conhecida, infelizmente. Ver aqui: O que é relactação e para que serve?

Emocionais: conscientize-se que, apesar do seu poder de gerar e nutrir, a mulher, quando tem um filho, fica bastante fragilizada. Ela precisa receber muito apoio, boa orientação e amor, caso contrário, é possível que não consiga amamentar com sucesso. É importante cercar-se de pessoas que transmitam mensagens de otimismo, carinho, apoio, e não o contrário - de desestímulo. Parentes (quase sempre com boas intenções) chegam dizendo que amamentar dá muito trabalho, que o leite é fraco, que o bebê precisa de um complemento, etc. Esse tipo de "conselho" mina a auto-estima da mãe. Não existe leite fraco. A natureza é sabia e poderosa. Nós, seres humanos, não estaríamos aqui se não fosse pelo leite materno. Ele chega sempre, quando realmente o desejamos e temos orientação. A informação é muito importante, mas o apoio é determinante. Uma criança não é responsabilidade só dos pais - é de todos. Ela é o nosso amanhã. Temos que respeitá-la e apoiar quem tem coragem de gerá-la. Apoio logístico consiste em ajuda efetiva para cuidar do bebê (pode vir do pai, da avó, da tia, de uma babá legal, de uma amiga, de qualquer um que o faça por amor e com muita atenção e cuidado). Apoio moral consiste no amor, no reconforto, na paciência, no incentivo, no respeito e nas boas vibrações das pessoas próximas. Amamentar é dar amor, mas, para fazê-lo, a mulher precisa recebê-lo!

Ver informações sobre principais causas de baixo ganho de peso:

Entretanto, a tendência parece ser chegar no consultório do pediatra com uma queixa sobre amamentação e sair com uma prescrição de leite artificial, pois é muito mais fácil fechar o diagnóstico de "pouco leite" como algo fixo, definitivo, imutável do que trabalhar, orientar, aconselhar, visitar e acompanhar a mãe. Quanto mais desesperada estiver a mulher, mais ela terá a tendência de atestar o diagnóstico equivocado, e o pediatra então concluirá que ela não vai conseguir mesmo amamentar. Na maioria dos casos, dar de mamar é um ato de fé e persistência, mas é preciso ter apoio e orientação.

 
Definitivamente, Leite artificial não é a solução!

Se você tiver alguma dificuldade em amamentar, procura um banco de leite da sua cidade, aqui em Recife, temos no IMIP, procure e não desista, pois o leite materno é muito importante para o seu bebê.


http://fisioedoulamariahcoeli.blogspot.com.br/2013/03/diagnostico-precipitado-de-pouco-leite.html