Um dos
procedimentos de rotina dos pré-natais é o exame de toque, independentemente da
idade gestacional. Mas este procedimento, como a maioria dos exames e
intervenções, só pode trazer benefícios quando não é banalizado.
O exame
de toque serve basicamente para avaliar a evolução da dilatação no trabalho de
Parto, apresentação do utero e posicionamento do bebê. O esperar de uma
mulher com 24 semanas? Que o colo esteja grosso e fechado, o bebê na
posição que desejar (não estará encaixado) e alto. E se a mulher não apresenta
qualquer queixa, para que realizá-lo?
Se uma
mulher apresentar contrações prematuras, vale avaliar se as mesmas indicam
um trabalho de parto precoce. Aí sim, depois de investigar se não se trata de
braxton, infecção urinária, pode-se fazer um exame de toque. Mas ele é mera
especulação.
Acompanhei
uma gestante que com 32 semanas fez o exame de toque e o médico verificou que
ela tinha 2cm de dilatação e colo afinado. Ela tomou corticóide para amadurecer
o pulmão do bebê no risco de parto prematuro. Com 35 semanas, se não me falha a
memória, tinha 3 ou 4 cm. Mas sem contrações ou seja não estava em Trabalho de
Parto. Pariu rapidamente e teve um parto natural com 39 semanas. Um parto a
jato (já que tinha menos 4 cm para caminhar).
Então, o
que o exame de toque adiantou? Nada.
Em
trabalho de parto a questão do exame de toque é uma faca de dois gumes. Ele é
feito para protocolar a mulher que deve dilatar x cm por hora. Quando estaciona
em X cms considera-se parada de progressão e aí vem as medidas
intervencionistas. Uma analgesia para ver se a mulher ( e o útero) relaxam e a
progressão progride ou ocitocina para ajudar nas contrações. A medicina
tradicional desconsidera os fatores emocionais.
Imagine
que você está com uma sensação de grande dor e passou 5 horas com
determinada dilatação. Medem novamente e você não saiu do lugar. Essa
informação vai fazer com que a mulher desista pensando que, se em X horas ela
não dilatou, precisará de mais X para parir. E na mente dela ela decreta: não
vou agüentar.
Mas o que
acontece é que a dilatação não é tão precisa. Existe a relação ocitocina X
adrenalina. Se quiser aumentar a dilatação é preciso aumentar a ocitocina
natural. E para aumentar a ocitocina é preciso de:
- Pouca Luz
- Silêncio
- Privacidade
- Não observação
- Ambiente quente e confortável
- Beijo na boca do marido
- Massagem
- Paz
- Pouca Luz
- Silêncio
- Privacidade
- Não observação
- Ambiente quente e confortável
- Beijo na boca do marido
- Massagem
- Paz
Quando a
mulher para de dilatar é aí que aumentam o monitoramento, a observação e a
adrenalina da mulher (e da equipe) vai nas alturas inibindo a ocitocina.
Lá vem a
ciência solucionar problemas para os quais ela mesma causou. Ocitocina
sintética, dor, adrenalina, anestesia, mais ocitocina. Uma vez que a ocitocina
sinstética entra na corrente sanguínea da mulher, toda a ocitocina que ela
liberaria naturalmente, antes, durante e depois do parto é bloqueada.
E isso
significa o que?
Que
depois do parto, momento em que é necessária a liberação do hormônio para criar
vínculo com o bebê, segundo o obstetra Michel Odent é o êxtase – coquetel de
hormônios- que sentimos no pós parto que faz com que criemos vinculo de amor
com a cria) ele não se faz presente.
A
ocitocina é um hormônio natural presente e fundamental para a hora do parto. Em
grande parte dos partos normais em todo o planeta, para acelerar a contração do
útero e tornar o parto mais rápido, a ocitocina é usada de forma padronizada, é
o caso do Brasil. O famoso “sorinho” torna as contrações extremamente fortes e
doloridas, levando muitas vezes a alteração do batimento cardíaco do bebê,
fazendo-se necessário o uso de anestesia e as cascatas de intervenções físicas
e medicamentosas.
Segundo
Odent, por ser um hormônio, a ocitocina passa pela barreira placentária e chega
à corrente sanguínea do bebê, atingindo o cérebro da criança. Segundo o
obstetra, o uso da ocitocina sintética pode gerar seres humanos mais agressivos
por ser um hormônio diretamente ligado a socialização. Ele o chama de “hormônio
do amor”, porque está presente na relação sexual, na amamentação e no parto e
pós parto, facilitando a relação instintiva entre mãe e filho.
Outra
conseqüência é a incapacidade ou dificuldade de produzir ocitocina em outros
momentos da vida, uma vez que sua versão sintética bloqueia a produção de
ocitocina natural. Atingindo o cérebro da criança, este ser humano pode ser
incapaz de produzir este hormônio, tanto na hora do parto, como em outras
situações de suas vidas. Sem a produção de ocitocina ficamos incapacitados de
sentir prazer.
Voltando
para a questão do toque, já vi o procedimento ser bem usado em algumas
ocasiões. Em um Parto Domiciliar bastante demorado (mais de 30 horas)
avaliou-se a possibilidade de romper a bolsa uma vez que a mulher estava com
dilatação completa e o bebê não descia. Para saber se o bebe estava alto e a
evolução do parto depois de tanto tempo, para que a família e parteiras
avaliassem uma possível transferência, optou-se pelo rompimento artificial da
bolsa e o bebe nasceu.
Outro
caso, a mulher estava bem cansada e quis saber a quantas andava a evolução do
parto. A enfermeira avaliou 8 cm e um rebordo de colo. Segurou o rebordo e o
bebê nasceu uma hora depois.
Então,
como tudo na vida, bem usada a intervenção pode apresentar benefício. A banalização
é que causa problemas.
Vale o
alerta de que muitos obstetras não humanizados costumam descolar as membranas
para acelerar o início do trabalho de Parto por volta das 39 semanas. Algumas
vezes não avisam que vão fazer e nem a finalidade. E só é possível fazer isso
quando se faz toque (geralmente um toque dolorido).
No
Trabalho de Parto, com médicos não humanizados, exame de toque pode levar o
médico romper a bolsa sem a mulher querer. Não aceitar o exame de toque é se
poupar disso também.
Perto do
parto saber que o colo está amolecido e com x cm pode causar ansiedade.
Sem
contar que, mesmo com luva, fazer toque aumenta o risco de infecção,
principalmente se a mulher estiver com bolsa rota. Mas experimente estar com
bolsa rota para saber quantos exames de toque vai receber. Parece que
muitos médicos só aprendem a fazer cesárea, toque e ultrasson para serem
obstetras.
Vou
deixar bem claro que não sou “contra” os procedimentos. Nem uso de ocitocina,
nem anestesia. Já escrevi um texto sobre quando a anestesia ajuda no Trabalho de Parto.
Há pouco tempo acompanhei um parto em que o obstetra optou pela analgesia e
forceps de alivio. Acredito que uma analgesia leve ou uma ocitocina leve
poderiam ter ajudado essa mulher parir.
Todo e
qualquer procedimento quando banalizado representa risco. Por exemplo, locais
em que não há assistência obstétrica ou aqueles com índices altos de cesáreas
possuem índices de morte neonatal e infantil semelhantes. Ou seja, a falta de
recursos ou excesso (mal utilizados), são prejudiciais.
A
princípio devemos acreditar que nosso corpo tem plena capacidade de parir, sem
drogas e intervenções, mas se abrir para a possibilidade de valer-se de recursos
quando acabarem as forças físicas e emocionais para prosseguir.
Na
minha opinião um parto com analgesia (pouca) e ocitocina (pouca) é melhor que
uma cesárea. Uma cesárea melhor que um óbito. O risco, em tudo, é a
banalização.
E
você, o que pensa do exame de toque?
http://vilamamifera.com/mamiferas/por-que-nao-fazer-exame-de-toque/
minha médica tem feito, estou com 12 semanas, ela faz para ver se esta fechadinho, pois tive alguns sangramentos, vamos ver como será nas próximas consultas!
ResponderExcluir