quarta-feira, 28 de maio de 2014
Como lidar com a ansiedade nas últimas semanas?
A minha gravidez não foi muito longe pois a Sofia nasceu com 38 semanas e 4 dias, através de uma cesárea desnecessária, como eu explico aqui.
Mas me lembro muito bem que depois que completei 36 semanas, e já tinha dois centímetros de dilatação (o que é normal) a ansiedade aumentou 200%.
Chegando nas 37 semanas então, que o médico diz que o bebê está ”pronto” pra nascer, ah pensar no bebê prontinho e ainda na barriga, talvez por mais 5 semanas, chega a ser uma tortura. Como trabalho com gestantes eu vejo de perto como a ansiedade atrapalha inclusive na hora do trabalho de parto. E com a ajuda dessas mulheres, que já pariram, reuni algumas dicas por quem está (ou vai passar) por essa fase.
A data provável é mais improvável do que você pensa
A data provável do parto que os médicos calculam com base na data da última menstruação e do primeiro ultrason, só serve para UMA coisa. Saber que o bebê provavelmente nascerá 15 dias antes ou depois deste dia. Uma minoria vai parir nesta data então não se sinta culpada de você for parte da maioria.
Não crie expectativas
Quase toda gestante de primeira viagem tem certeza que o bebê vai nascer antes da data prevista, mas a realidade é que algumas pesquisas já mostraram que primigestas (primeira gestação) entram em trabalho de parto espontâneo entre 40 e 41 semanas.
Não divulgue suas expectativas
Pior do que enfiar na cabeça que o bebê vai nascer dia X (e sempre antes da data prevista – 40 semanas) é espalhar isso para amigos e familiares. Porque agora além de lidar com a sua ansiedade e de seu companheiro, você vai ter que lidar com a da sua família e amigos. Se divulgou no facebook então danou-se, porque até quem você nem conhece vai perguntar pra quando é o bebê.
Não aposte suas fichas na troca de lua
Os antigos dizem que a lua influencia e muito no dia do parto. Lua cheia é batata se você estiver a termo (mais de 37 semanas), que a lua minguante os partos são mais longos, que na crescente nascem as meninas, e assim vai. Não, eu não quero ofender minhas ancestrais, porém nenhuma evidência científica (sim, já estudaram isso) comprovou alguma relação com a lua e o aumento de parturientes nas maternidades.
É, acreditar não faz mal algum… mas pode gerar uma frustração quando a lua não desencadear o trabalho de parto. Além disso, não divulgue para os outros essa informação.
Ignore as pessoas e as histórias ruins que elas contam
Como se não bastassem os medos que cada gestante carrega, as pessoas parecem ter prazer em colocar mais medos. Histórias do tipo ”o bebê da minha vizinha passou do tempo…” são muito comuns. Não escute. Afaste-se de pessoas assim. Se for o caso pare de atender o telefone, de entrar no facebook, faça o seu ninho para receber seu bebê e afaste os predadores. Se ficar em casa a deixar ainda mais ansiosa, vá dar um passeio, um lugar que você possa estar em contato com a natureza, recarregar as energias e descansar. Existem técnicas de indução natural de parto, algumas ensino aqui, mas não faça nada na obrigação. O bebê tem o tempo de nascer e precisamos aprender a ter paciência e respeitá-lo.
Paciência, você não tem outra opção!
Já que quem decide a hora de nascer é o bebê não nos resta nada a fazer além de esperar. Aproveite que nunca esteve tão perto, e curta sua gestação. Acredite, você vai morrer de saudades depois. Se não for da barriga será do sossego de comer a hora que quer, dormir, e até assistir um filme (hehehehe). Sua vida está prestes a dar um giro de 360º e é uma mudança maravilhosa porém radical. Leia livros sobre pós-parto, sobre a chegada do bebê, participe de um grupo de apoio, pois você vai precisar. A gestação existe para que possamos nos preparar para o parto e para a vida que vem depois. O parto é um dia só (as vezes dois) mas o puerpério e a vida com esse novo ser, é para sempre.
Tenham uma boa hora!
Cris Doula
http://crisdoula.com/?p=5020
quarta-feira, 21 de maio de 2014
Por que as cesáreas das outras mulheres rasgam minha alma?
Achei muito bom esse texto...me identifico muito com ele
Já faz tempo que parei de ser “a insistente” do parto normal. Agora, eu invisto em solo fértil. Se a mulher está interessada em descobrir este mundo (que existe desde sempre, diga-se de passagem), eu sou uma boa companhia. Não tenho limite de tempo, nem de argumentos. Sou um poço de confiança, de segurança! Acredito mesmo, com todas as minhas células que vai dar certo, já deu!
Tenho minha consciência limpa porque sei que ninguém muda ninguém e que eu não sou responsável pelo sucesso das outras, pela crença e fé em seu próprio corpo e fisiologia. Então, muitas mulheres próximas de mim vão para uma cesárea desnecessária. Triste verdade. E eu respeito. Respeito mesmo porque cada um faz o processo que dá conta, busca aquilo que é importante para ela. O que é maravilhoso para mim, talvez seja demais, ou pouco para a outra.
Mas o meu respeito pela trajetória de cada um, não minimiza minha dor. Dói… dói muito. Parece que sou eu. Parece que é minha barriga que foi cortada. Quando eu penso na pessoa, na mesa de cirurgia, eu sinto um arrepio no corpo. Um mal estar invade meu coração. Sinto vontade de chorar. Quando vejo aquele pacotinho ali, enroladinho, o bebe, que foi arrancado do seu primeiro ninho, fico triste, muito.
Confesso que minha esperança vive na maternagem. Sei que muitas mulheres vão se encontrar ali. Eximias mães, nutrirão seus filhos de amor e leite materno. Vínculos serão formados, tenho certeza, tenho fé. Muitos desafios enquanto mulher, são propostos quando nos tornamos mães. Essas mulheres conhecerão sua força e seu poder no cuidado e proteção dos filhos.
Mas a minha alma… ainda dói. A cada mulher submetida á uma cesariana… a marca está em mim. A cicatriz também. Acredito que todas nós, desde a ancestralidade até hoje, fazemos parte uma das outras. Quero acreditar no poder do feminino, conjunto. Eu sou elas, elas estão em mim. Um parto é uma passagem. Transcendemos o mundo cotidiano, para encontrar o mundo da natureza. A manifestação maior. Fico dolorida pelo que poderia ter sido, pelo que não foi. Entendo a história delas, mas me ressinto pela falta que me faz ver uma mulher parir. A cada mulher que pare, eu revivo meus partos. E a cada mulher que não pare, sinto meu parto roubado. Meu parto aqui é acreditar na força que todas nós temos e muitas não reconhecemos. Eu quero, quero muito, ver a plenitude se manifestando em todas as mulheres. Só assim, estarei completa.
Já faz tempo que parei de ser “a insistente” do parto normal. Agora, eu invisto em solo fértil. Se a mulher está interessada em descobrir este mundo (que existe desde sempre, diga-se de passagem), eu sou uma boa companhia. Não tenho limite de tempo, nem de argumentos. Sou um poço de confiança, de segurança! Acredito mesmo, com todas as minhas células que vai dar certo, já deu!
Tenho minha consciência limpa porque sei que ninguém muda ninguém e que eu não sou responsável pelo sucesso das outras, pela crença e fé em seu próprio corpo e fisiologia. Então, muitas mulheres próximas de mim vão para uma cesárea desnecessária. Triste verdade. E eu respeito. Respeito mesmo porque cada um faz o processo que dá conta, busca aquilo que é importante para ela. O que é maravilhoso para mim, talvez seja demais, ou pouco para a outra.
Mas o meu respeito pela trajetória de cada um, não minimiza minha dor. Dói… dói muito. Parece que sou eu. Parece que é minha barriga que foi cortada. Quando eu penso na pessoa, na mesa de cirurgia, eu sinto um arrepio no corpo. Um mal estar invade meu coração. Sinto vontade de chorar. Quando vejo aquele pacotinho ali, enroladinho, o bebe, que foi arrancado do seu primeiro ninho, fico triste, muito.
Confesso que minha esperança vive na maternagem. Sei que muitas mulheres vão se encontrar ali. Eximias mães, nutrirão seus filhos de amor e leite materno. Vínculos serão formados, tenho certeza, tenho fé. Muitos desafios enquanto mulher, são propostos quando nos tornamos mães. Essas mulheres conhecerão sua força e seu poder no cuidado e proteção dos filhos.
Mas a minha alma… ainda dói. A cada mulher submetida á uma cesariana… a marca está em mim. A cicatriz também. Acredito que todas nós, desde a ancestralidade até hoje, fazemos parte uma das outras. Quero acreditar no poder do feminino, conjunto. Eu sou elas, elas estão em mim. Um parto é uma passagem. Transcendemos o mundo cotidiano, para encontrar o mundo da natureza. A manifestação maior. Fico dolorida pelo que poderia ter sido, pelo que não foi. Entendo a história delas, mas me ressinto pela falta que me faz ver uma mulher parir. A cada mulher que pare, eu revivo meus partos. E a cada mulher que não pare, sinto meu parto roubado. Meu parto aqui é acreditar na força que todas nós temos e muitas não reconhecemos. Eu quero, quero muito, ver a plenitude se manifestando em todas as mulheres. Só assim, estarei completa.
sábado, 17 de maio de 2014
A Bolsa de líquido amniótico
Bebê nascendo " impilicado" envolto na bolsa intacta |
A bolsa de líquido amniótico começa a se formar assim que o embrião se implanta no útero.
O líquido amniótico é produzido constantemente pela placenta e pelo próprio feto (que engole, digere, urina e defeca ali dentro).
A placenta, além de ser responsável pelas trocas sanguíneas entre mãe e feto, também tem função de filtrar e eliminar os dejetos do líquido amniótico.
Ao longo da gestação, o líquido amniótico exerce várias funções:
- manter a temperatura do bebê constante;
- amortecer possíveis golpes e solavancos;
- oferecer proteção contra infecções (o líquido amniótico é estéril);
- disponibilizar espaço para o crescimento e a movimentação do feto;
- assistir no desenvolvimento dos sistemas digestivo e respiratório (o bebê faz movimentos respiratórios, engole e excreta dentro do útero);
- assistir no desenvolvimento dos sistemas sensíveis a odores e sabores (o sabor do líquido amniótico se altera em função da alimentação da mãe).
Durante o trabalho de parto, o líquido amniótico permite que a dilatação aconteça sem contato direto entre a cabeça do bebê e o colo do útero. Ele também diminui a chance do cordão umbilical ser comprimido pelo corpo do bebê.
No final da gestação, a bolsa contem cerca de 500ml a 1000ml de líquido.
Nível baixo de líquido amniótico pode indicar comumente que a gestante não está ingerindo água em quantidade suficiente durante a gravidez; mas também pode ser indício de algum problema na placenta ou mau funcionamento dos rins do feto.
A OLIGODRAMNIA é sinal de alerta e exige exames e monitoramento mais frequente das condições vitais do feto. Não é indicação para cesárea.
Muitas vezes, quando a gestante aumenta a ingestão de líquidos, o problema é resolvido.
- BOLSA ROMPIDA ANTES DAS 37 SEMANAS DE GESTAÇÃO
O rompimento prematuro da bolsa pode ser atribuído a fatores externos (ambientes estressantes, atividade física em excesso e inadequada, pancada, golpe, acidente, etc) ou internos (infecção urinária ou vaginal materna durante a gestação).
Quando a bolsa se rompe antes das 37 semanas, sem qualquer outro sinal de trabalho de parto, tenta-se prolongar a gestação o máximo de tempo possível. Recomenda-se repouso, muitas vezes absoluto, e o uso de medicamentos específicos para evitar possíveis infecções.
- BOLSA ROMPIDA APÓS AS 37 SEMANAS DE GESTAÇÃO SEM TER INICIADO O TRABALHO DE PARTO
Quando a bolsa rompe antes do início do trabalho de parto, é provável que o trabalho de parto se inicie naturalmente em até 72 horas após o seu rompimento. Muitos obstetras ministram antibióticos à parturiente 12 horas após a rotura da bolsa caso ela ainda esteja sem sinal de trabalho de parto. Também é de extrema importância o monitoramento da temperatura materna e do bem-estar fetal.
- BOLSA ROMPIDA APÓS AS 37 SEMANAS DE GESTAÇÃO E APÓS O INÍCIO DO TRABALHO DE PARTO
Geralmente a bolsa se rompe somente após o trabalho de parto ter iniciado. A rotura pode acontecer em qualquer momento do parto, mas é mais comum ocorrer naturalmente na fase de transição, quando a mulher começa a sentir os primeiros puxos.
- ROMPIMENTO ARTIFICIAL DA BOLSA
Um instrumento de plástico, semelhante a uma agulha de crochê, é inserido pela vagina até o útero da gestante e então é feito um pequeno furo na membrana da bolsa.
A ideia é de apressar ou progredir o trabalho de parto. Pode-se também avaliar a presença de mecônio no líquido.
Esse procedimento, embora seja comumente utilizado nos hospitais brasileiros, torna-se inadequado se usado rotineiramente.
O QUE ACONTECE QUANDO A BOLSA ROMPE
Quando a bolsa rompe e o líquido amniótico sai, cria-se um movimento de vácuo no útero que puxa a cabeça do bebê para baixo. A cabeça faz um efeito de “rolha” e impede a saída total do líquido.
Mesmo com a bolsa rompida o líquido continua sendo produzido normalmente pela placenta, até o nascimento do bebê.
Se a bolsa estourar e sair líquido em abundância, é recomendado à gestante ficar sentada por alguns instantes. Isto evita que o cordão saia junto com o movimento do líquido e seja prensado pela cabeça, comprometendo o bem-estar fetal.
A bolsa pode romper em qualquer parte e a rotura pode ocorrer em qualquer tamanho. Por isto a quantidade de líquido que sai e a sua velocidade são muito variáveis. Pode sair um jato ou pode simplesmente gotejar.
- E QUANDO A BOLSA NÃO ROMPE?
Em alguns raríssimos casos a bolsa não se rompe antes do nascimento do bebê.
São os nascimentos “empilicados”. Há quem diga que é um sinal de sorte para toda a vida.
Veja mais aqui: http://adeledoula.blogspot.com.br/2012/08/entendendo-melhor-bolsa-de-liquido.html
quarta-feira, 14 de maio de 2014
O que é Tampão Mucoso??
Em vários posts eu já citei o tampão, mas muitas mães ainda tem dúvida
de como ele se parece. Bom, primeiro é importante falar que o tampão é uma
secreção gelatinosa que fica no colo do útero protegendo contra bactérias e
infecções, geralmente ele sai no ultimo mês antes do parto.
Ele pode vir em pequenas quantidades, ou vir bastante, é uma secreção
como um catarro, sem cheiro, com sangue ou não.
O importante também é explicar que
não precisa procurar o médico ou o hospital se perder o tampão, ele é apenas um
sinal de que o colo está modificando, mas podem levar horas, dias ou até
semanas até o parto acontecer!! Na minha experiência como doula, as
pacientes que perderam com mais de 40 semanas, acabaram tendo seus bebês em
poucos dias, as que perderam antes ficaram mais tempo sem nenhum sinal.
www.crisdoula.com
segunda-feira, 5 de maio de 2014
Quando e como devo fazer força no parto??
Toda sexta-feira eu assisto os programas de Partos e bebês que passam no canal Discovery Home and Health, apesar de não achar aqueles partos os mais lindos, eu gosto de ver as diferentes realidades.
E um dos erros mais comuns nesses programas, são de que a mulher deve ser induzida a fazer força quando atinge a dilatação total ( 10 cms), mesmo sem que elas sintam a vontade de empurrar, e elas não podem escolher a posição, é sempre deitada, com o queixo do peito e segurando as pernas.
Hoje eu tive e inspiração de falar sobre isso, e odeio pegar coisa pronta na internet, só uso posts alheios quando gosto muito, fora isso prefiro escrever. Então lá vai a minha opinião de quando e como a parturiente deve fazer força.
Nesses anos como doula, já vi bebês coroando sem que a mulher sinta, já vi mulheres com 5 cms de dilatação e muita vontade de empurrar, já aparei bebê que decidiu vir em uma força apenas e sempre que elas me perguntam quando devem fazer força eu respondo: QUANDO VOCÊ QUISER!
Mesmo após dilatação total eu não gosto que a parturiente seja orientada a empurrar, ela pode se cansar e ainda pensar que tem algo errado pelo fato o bebê não nascer com todas aquelas forças, sem falar de que os casos de bradicardia fetal ( batimento do bebê cai) podem surgir por causa da força induzida. Não basta apenas dilatar totalmente, é preciso esperar a descida do bebê e o giro da cabeça. Quando o bebê estiver baixo o suficiente, o corpo vai empurrar, inclusive quando a mulher não quer ( né Elaine que quase pariu a Leda no carro rsrsrs).
E como fazer força? Ouça seu corpo, preste atenção, o seu instinto vai lhe mostrar a melhor posição e maneira de empurrar. Sim, nem todas as mulheres conseguem se entregar e entender o que o corpo quer, então podem surgir orientações da equipe que está atendendo o parto, mas lembre-se de que se você não gostar, não deve fazê-lo.
Mas e como ajudar o bebê a descer? Quando uma doulanda minha atinge dilatação total mas o bebê ainda está alto eu recomendo que ela caminhe, use a bola suíça, faça agachamentos com o companheiro, rebole e visualize a descida e chegada do novo ser. Mas sempre deixo claro de que são apenas sugestões, se ela quiser ficar deitada e não tentar nada disso, ela fará o que preferir.
Leia, informe-se, prepara-se e deixe o seu corpo fazer o trabalho todo!
Parto é fisiológico e não intelectual!
Uma boa hora!
Cris De Melo
Téc. Enfermagem
& Doula!
www.crisdoula.com
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