Achei muito bom esse texto...me identifico muito com ele
Já faz tempo que parei de ser “a insistente” do parto normal. Agora, eu
invisto em solo fértil. Se a mulher está interessada em descobrir este mundo
(que existe desde sempre, diga-se de passagem), eu sou uma boa companhia. Não
tenho limite de tempo, nem de argumentos. Sou um poço de confiança, de
segurança! Acredito mesmo, com todas as minhas células que vai dar certo, já
deu!
Tenho minha consciência limpa porque sei que ninguém muda ninguém e que eu
não sou responsável pelo sucesso das outras, pela crença e fé em seu próprio
corpo e fisiologia. Então, muitas mulheres próximas de mim vão para uma cesárea
desnecessária. Triste verdade. E eu respeito. Respeito mesmo porque cada um faz
o processo que dá conta, busca aquilo que é importante para ela. O que é
maravilhoso para mim, talvez seja demais, ou pouco para a outra.
Mas o meu respeito pela trajetória de cada um, não minimiza minha dor. Dói…
dói muito. Parece que sou eu. Parece que é minha barriga que foi cortada.
Quando eu penso na pessoa, na mesa de cirurgia, eu sinto um arrepio no corpo.
Um mal estar invade meu coração. Sinto vontade de chorar. Quando vejo aquele
pacotinho ali, enroladinho, o bebe, que foi arrancado do seu primeiro ninho,
fico triste, muito.
Confesso que minha esperança vive na maternagem. Sei que muitas mulheres vão
se encontrar ali. Eximias mães, nutrirão seus filhos de amor e leite materno.
Vínculos serão formados, tenho certeza, tenho fé. Muitos desafios enquanto mulher,
são propostos quando nos tornamos mães. Essas mulheres conhecerão sua força e
seu poder no cuidado e proteção dos filhos.
Mas a minha alma… ainda dói. A cada mulher submetida á uma cesariana… a
marca está em mim. A cicatriz também. Acredito que todas nós, desde a
ancestralidade até hoje, fazemos parte uma das outras. Quero acreditar no poder
do feminino, conjunto. Eu sou elas, elas estão em mim. Um parto é uma passagem.
Transcendemos o mundo cotidiano, para encontrar o mundo da natureza. A
manifestação maior. Fico dolorida pelo que poderia ter sido, pelo que não foi.
Entendo a história delas, mas me ressinto pela falta que me faz ver uma mulher
parir. A cada mulher que pare, eu revivo meus partos. E a cada mulher que não
pare, sinto meu parto roubado. Meu parto aqui é acreditar na força que todas
nós temos e muitas não reconhecemos. Eu quero, quero muito, ver a plenitude se
manifestando em todas as mulheres. Só assim, estarei completa.
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